05/11/2020

16:01

Produtores de frango têm custo até 19% menor com milho no Paraná

Maior produtor nacional de aves, Estado também tem a segunda maior produção de milho do país.

Enquanto Santa Catarina e Rio Grande do Sul anunciam redução da produção de frangos para contornar a forte alta do milho no mercado interno, no Paraná, o setor tem conseguido obter preços até 19% mais baixos com o principal insumo para alimentação dos animais. Embora também enfrentem aumento de custos este ano, as granjas paranaenses ainda estão longe de pagar mais de R$ 80 pela saca de milho.

Segundo dados do Departamento de Economia Rural do Estado (Deral), o preço médio do grão na semana encerrada no último dia 31 de outubro ficou em R$ 66,42 no Paraná ante R$ 81,89 apontados pelo Cepea para a saca de 60 quilos em Campinas, que baliza o preço nos demais Estados.

“O Paraná é um Estado produtor de grãos e agora, após a colheita, os armazéns estão cheios de soja e milho ainda. Com isso, ele reúne as duas vantagens: a fartura de grãos e uma mão de obra qualificada. Por isso é o maior produtor do país, porque reúne as duas condições”, explica o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Irineo Da Costa Rodrigues.

A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que os paranaenses colham mais de 16 milhões de toneladas de milho nesta temporada, a segunda maior produção do país – atrás apenas de Mato Grosso – e um crescimento de 7,1% ante a safra 2019/2020. Desse total, o Deral estima que 14% já tenham sido comercializados até o final de outubro, índice que chega a 54,7% no Mato Grosso, principal Estado exportador do país.

“Eu diria que o Paraná é competitivo por ter um grão mais barato, sem dúvida nenhuma isso é um bom diferencial”, completa Rodrigues.

Oferta insuficiente

Segundo e terceiro maiores produtores de frango depois do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm uma produção de milho estimada pela Conab de 2,9 milhões e 5,7 milhões de toneladas, respectivamente. O volume, segundo o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves Dirceu Talamini, é insuficiente para atender à demanda local, com um déficit na oferta de até 5 milhões de toneladas no mercado catarinense e de dois milhões de toneladas no mercado gaúcho.

“Tanto Santa Catarina quanto o Rio Grande do Sul têm pouca área agricultável e têm priorizado o plantio da soja, cujos custos de produção são menores gerando maior rentabilidade ao produtor”, explica o pesquisador, ao lembrar que a baixa oferta de milho na região é um problema “histórico”, agravado pelo aumento das exportações no último ano e que limita o crescimento da produção de aves e suínos no Sul do país.

“A produção brasileira de milho tem crescido bastante e, obviamente, se esse milho todo ficasse no país, o abastecimento seria muito mais tranquilo. Mas no momento que ele tem o ao mercado internacional com rentabilidade na exportação, com negócios feitos muitas vezes antes do plantio, você causa esse problema de escassez”, observa Talamini.

 

Fonte: Revista Globo Rural

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